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"Fibrar" o Pará


Anid realiza Road Show - Infraestrutura da Internet em Belém, 8 a 10/11. Desafio: "fibrar o Pará"

Anid realiza Road Show - Infraestrutura da Internet em Belém, 8 a 10/11. Desafio: "fibrar o Pará"

A Associação Nacional para Inclusão Digital (Anid) realiza na próxima semana, de 8 a 10 de novembro, o Road Show – Infraestrutura da Internet em Belém (PA). O evento tem o objetivo de reunir provedores de acesso à Internet, técnicos e estudantes da área promovendo o debate em torno da infraestrutura necessária para o avanço da Internet no Pará. Também serão ministrados o curso de Fusão de Fibra Óptica e o mini-curso em IPv6. O evento acontecerá no Hotel Machado’s Plaza, no Bairro Reduto.

O presidente da Anid, Percival Henriques, destaca a importância da troca de experiências e a articulação para a formação de um Ponto de Troca de Tráfego (PTT/ Internet Exchange) na capital paraense, além da divulgação do Projeto Nacional de Fibra Óptica em Domicílio:

- A experiência abrevia os caminhos levando o empreendedor de acesso à Internet direto às melhores soluções para o crescimento. Temos conversado com grupo de provedores em outros estados brasileiros sobre a redução de custos no tráfego de dados quando temos um PTT na região. Muitos dados transitam localmente, através do PTT, sem a necessidade de ocupar banda internacional.

Outra ação exitosa da Anid é a realização de compras conjuntas, o que diminui os custos dos produtos. Fizemos isso para adquirir banda larga, entre 2008 e 2010, para adquirir rádio, e agora nosso objetivo é investir em fibra óptica, pois avaliamos que essa seja a melhor tecnologia atualmente para transmissão de dados. O Projeto Nacional de Fibra Óptica em Domicílio conta com parceria da empresa chinesa C-Data, de componentes para implementação da fibra, e pretende formar parcerias com provedores e associados, interessados em adquirir os produtos com um custo de atacado.

“Fibrar” o Pará é viável, mas exige a união dos empreendedores da região

O consultor de tecnologia Dan Figueiras, paraense, afirma que o desafio para “fibrar” o estado do Pará é tão grande quanto o tamanho do próprio território. Atuando lado a lado com provedores há mais de 15 anos, Dan Figueiras considera a distância entre as cidades um dos principais entraves para a expansão da rede em fibra.

AltamiraO Pará tem 144 municípios espalhados numa área de mais de um milhão de quilômetros quadrados. Altamira, por exemplo, é o terceiro maior município em extensão territorial do Planeta; pouco mais de 100 mil habitantes vivem em uma área geográfica quase duas vezes maior do que Portugal (perto de 160 mil km2).

- Pela minha experiência, posso dizer que apenas 30% dos domicílios da área metropolitana de Belém estão com fibra óptica. Em muitos bairros de Belém não tem fibra. O Pará tem características diferentes: mais de 60% da população vive na Região Metropolita de Belém. Os três maiores municípios – Belém, Ananindeua e Marituba – concentram mais de 2 milhões de habitantes. Por isso, 80% dos provedores atuam nessa região Região, onde, aproximadamente, 15 provedores de serviços de Internet de médio porte operam. As operadoras maiores são a Tim, Claro (Embratel), Vivo, OI, ORM Cabo e Pronto Net. Os pequenos provedores atuam nos bairros.

Segundo Figueiras, os provedores direcionam os investimentos somente para a Região Metropolitana e desconsideram os outros municípios. A cidade Paraupebas, por exemplo, com cerca de 200 mil habitantes e a quinta maior arrecadação do estado, conta com um serviço de Internet de baixíssima qualidade, justamente por causa da distância e da dificuldade em levar a rede até o local – cerca de 700 km de Belém.

- No bairro Guamá, em Belém – completa Figueiras – há 100 mil habitantes. Se oito equipes fizerem quatro instalações por dia seriam necessário cinco anos para fibrar todos os domicílios desse bairro. Em Belém existem mais de 20 bairros com deficiência no acesso à Internet.

Eu acompanhei a instalação de fibra óptica em uma cidade de quase 40 mil habitantes, o provedor focou apenas a área comercial. Moradores na área residencial querem o serviço e o provedor não atende, diz que não é economicamente viável.

O consultor aponta outra barreira – a burocracia:

- Se os provedores tivessem linhas de crédito, acesso a equipamentos com um custo menor, seria um grande avanço. Mas o principal é desburocratizar o acesso à Internet: para ser uma empresa totalmente legalizada e ter acesso à concessionária de energia para alugar os postes é uma burocracia tremenda que se estende por até seis meses. Para quem quer investir, desmotiva o empresário. Fibrar o Pará é um lema para mim. Sei que é um grande desafio, mas se os empreendedores se unirem, isso será viável.