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Sinal analógico da TV brasileira deverá ser totalmente desligado em 2018
Por lei, o sinal analógico só poderá ser desligado quando pelo menos 93% dos usuários estiverem usando a nova frequência.
O Brasil tem até 2018 para finalizar a conversão do sistema analógico de TV para o digital. Por lei, o sinal analógico só poderá ser desligado quando pelo menos 93% dos usuários estiverem usando a nova frequência. Para quem ainda tem TVs analógicas, os conversores para o sistema digital já estão disponíveis no mercado. O problema são as quinze milhões de famílias de baixa renda no Brasil que não podem comprar o aparelho. Para elas o governo federal que irá distribuir gratuitamente os conversores.
Com o desligamento do sinal analógico, as faixas de frequência que a TV analógica usa hoje serão utilizadas pelas empresas de telefonia móvel para a rede 4G. Segundo Raoni Kulesza, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e pesquisador do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Aplicações de Vídeo Digital – LAVID, as empresas de telefonia pagaram mais de R$ 6 bilhões pelo direito de explorar essas faixas. Os recursos para a compra de conversores que serão distribuídos entre as famílias das classes D/E virão desse montante.
Para gerenciar o processo de conversão foi criada a Empresa de Administração da Digitalização – EAD. Vinculada ao governo federal, a empresa irá acompanhar todas as ações direcionadas a conversão total do sistema de transmissão de TV.
O Brasil está atrasado em relação a outros países que já integralizaram o uso do sinal digital, como EUA, Canadá, Japão e Alemanha. Segundo informações do Ministérios das Telecomunicações, as primeiras cidades brasileiras a desligar o sistema análogico serão Brasília – DF e Rio Verde – GO, a cidade goiana a partir de 29 de novembro de 2015 e capital deferal a partir de 3 de abril de 2016. De acordo com o cronograma estabelicido, depois delas será a vez de São Paulo, em maio, Belo Horizonte, junho, Goiânia, agosto, e Rio de Janeiro em novembro do ano que vem.
Há quatro padrões para TV digital adotados no mundo:
-DVB-T, adotado na Europa, Ásia e em alguns países da África
-ATSC, adotado na América do Norte (EUA, Canadá e México)
-DTMB, sistema chinês, adotado exclusivamente na China.
-ISDB-T, sistema brasileiro adotado na maior parte dos países da América Latina e em alguns países africanos.
O sistema brasileiro de TV Digital tem como base o Ginga, software que vem instalado nas novas TVs brasileiras e nos conversores. Após realizada a conversão, os conteúdos e funções do Ginga podem ser acessados mesmo nos monitores de TV comum, através do controle remoto. Foi desenvolvido pelo LAVID/UFPB em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC/Rio.
- Cerca de 90% das TVs que estão no mercado brasileiro tem o Ginga, que funciona como um sistema operacional que permite a interação com aplicativos. Equivale ao sistema android de celulares ou o Linux para computadores, por exemplo – explica Raoni Kulesza.
Esse mesmo sistema também foi adotado pela maior parte dos países da América Latina e alguns da África. Somando a população que utiliza o Ginga, conta-se mais 500 milhões em todo o mundo. Além do Brasil, estão nesse grupo Peru, Argentina, Chile, Venezuela, Equador, Costa Rica, Paraguia, Filipinas, Bolívia, Nicarágua, Uruguai, Guatemala, Honduras, além de Botswana na África. Outros dois países da América Central e 44 na África estão em fase de testes.
A norma do software – liçensa de uso – é aberta, pode ser acessada livremente em todos os países que adotaram o Ginga, sem haver nenhuma cobrança.
- Alguns padrões cobram por esse papel. Quando ele é fechado você tem de comprar a norma. A norma brasileira é aberta – ressalta Raoni.
No entanto, Raoni explica que a PUC tem a sua própria norma e é detentora do código-fonte do software, o que permitiu que ela comercializasse uma versão desse código com a Sansung e com outras empresas, por exemplo. Código-fonte são as linhas de programação que formam um software em sua forma original, uma espécie de identidade digital. Com ele o usuário doméstico ou empresarial pode fazer acréscimos e alterações no programa.
As pesquisas do LAVID desenvolvidas na unidade da UFPB de Mangabeira têm o apoio da Anid, através do fornecimento gratuito de internet. A parceria tem o objetivo de contribuir com o desenvolvimento de pesquisa científica tecnológica e, assim, colaborar com projetos de inclusão digital.
Ascom ANID
Foto: Sandro Alves